Metodologia do Ensino da História da América na Universidade de Brasília

Montagem dos Cadernos da Série História – FIH. Fonte: Arquivo pessoal.

Palavras do Editor

Com grande entusiasmo, acrescento no Espaço da Memória um documento – escrito há 50 anos – que evoca em mim fortes lembranças de um período muito significativo da minha atuação como docente do Departamento de Filosofia e História da Universidade de Brasília.

1974. Há exatos dois anos eu havia retornado da Espanha, onde, na Universidade de Madri, desenvolvi estudos avançados de História da América sob a orientação do eminente Professor Doutor Mario Hernández Sánchez-Barba.

Nova abordagem do Ensino da História da América na Universidade de Brasília

Num quadro tenso e conflitivo entre os membros do Departamento – fruto dos embates da ditadura militar aqui instalada – organizei uma proposta de ensino de História da América, que refletia, de certa maneira, o que se estava fazendo nas universidades da Europa inspirada, então, na Segunda Geração da Escola dos Anais.

Após a testagem na sala de aula com bons resultados, esquematizei as linhas gerais da proposta num texto que denominei “Metodologia do Ensino da História da América na Universidade de Brasília”.

A preocupação com o diálogo entre historiadores latino-americanos

Àquela altura, um pequeno grupo de americanistas da Facultad de Filosifia y Letras da Universidad Nacional Autónoma de México, preocupado com o isolamento entre latino- americanistas, fizeram a chamada para a realização do “Primer Encuentro de Historiadores Latinoamericanos”, que aconteceu na Cidade do México, no período entre 15 e 19 de julho de 1974.

Não tive dúvidas. Prontamente efetuei a tradução do meu texto, me inscrevi e me preparei para participar daquele Encontro. Seguindo os protocolos da época, solicitei permissão da Universidade para me ausentar por uma semana.

Todavia, a frustração veio imediatamente com a decisão da Direção Superior da UnB, de vetar o meu afastamento do país naquele momento. Informalmente, a justificativa era que o evento abrigaria intelectuais latino-americanos comunistas exilados, residentes naquele país.

Frutos deste “Primer Encuentro”

José Roberto do Amaral Lapa, Caio Prado Junior e Carlos Guilherme Mota estavam entre as quatro dezenas de participantes. Daquele Encontro nasceu a “Asociación de Historiadores Latinoamericanos y del Caribe” – ADHILAC – que, a despeito de momentos de dificuldades, está em pleno vigor. Realizou o seu XIII Encuentro Internacional em Graz, na Áustria, em maio de 2022, além de dezenas de Encontros Nacionais e Regionais ao longo de quase meio século.