O Arquivo do Itamaraty e os Estudos de História da América

Biblioteca e Arquivo Histórico do Itamaraty. Fonte: Arquivo Histórico do Itamaraty – Rio de Janeiro. Acesso 08/01/2025.

Muito mais que um arquivo histórico

O Ministério das Relações Exteriores tem sob a sua guarda um patrimônio cultural de valor inestimável que inclui os acervos do Arquivo Histórico, da Biblioteca, da Mapoteca, do Museu Histórico e Diplomático, além de um conjunto significativo de obras de arte constituído por um rico mobiliário, telas e esculturas de grandes artistas nacionais e estrangeiros e outros objetos.

O arquivo do Itamaraty e os estudos das relações internacionais do Brasil

Falar da importância do acervo documental do Arquivo Histórico do Itamaraty para os estudos das relações internacionais do Brasil é desnecessário. Mais que isso, uma incongruência.

O arquivo do Itamaraty e os estudos de História da América

Este texto – objeto de uma comunicação no V Encontro Internacional da ANPHLAC, realizado em Belo Horizonte em 2002 – foi publicado originalmente pela Revista Múltipla, Ano IX, vol. 10, nº 16, junho de 2004, Brasília.

Lamentavelmente, tem passado despercebido pelo investigador o valor deste volumoso acervo para a pesquisa da História da América, bem como de outras áreas da História Geral.

O que me animou a produzir um texto sobre este arquivo e a importância do seu acervo para os estudos de História da América foi a minha experiência de cerca de três anos de investigação no arquivo do Itamaraty – no Rio de Janeiro e em Brasília – sobre as relações bilaterais contemporâneas entre o Brasil e a Espanha.

A permanente construção do acervo documental do arquivo

A ininterrupta construção do acervo está centrada na rotina do serviço diplomático. Esta serve-se de rico e detalhado sistema de troca de minuciosas e circunstanciadas informações entre a Secretaria de Estado, os postos brasileiros no exterior, as missões estrangeiras creditadas no Brasil, organismos internacionais etc.

A posição da História da América no arquivo do Itamaraty

Neste caso, a documentação é abundante e diversificada. O maior ou menor volume dela está vinculado à maior ou menor intensidade das repercussões provocadas pelo assunto no quadro interno do país considerado.

A documentação evidencia ainda múltiplas conexões entre a História da América Latina e a História da América Anglo-Saxônica. Além disso ressalta as relações dos Estados americanos entre si e com o Brasil.

Três modalidades de documentos relevantes para o pesquisador

Os ofícios recebidos pela chancelaria informam o governo brasileiro de tudo o que se passa no país estrangeiro considerado: política interna e externa, economia, finanças, religião, cultura, crises sociais etc. Os ofícios também encaminham relatórios mensais e anuais de grande interesse.

As instruções orientam os seus destinatários quanto às decisões que deverão tomar e como votar nos fóruns em que atuam. A autoridade diplomática no exterior assume posições coerentes com as recomendações recebidas da Secretaria de Estado.

Os memorandos mostram a discussão de um determinado assunto – como um ponto da agenda internacional, a análise política da conjuntura internacional, avaliação da situação interna de um país – nas instâncias pertinentes do Ministério até a decisão final.

Atuação do pesquisador estrangeiro e do pesquisador brasileiro

O pesquisador estrangeiro da História da América utiliza muito mais frequentemente o arquivo histórico do Itamaraty que o brasileiro.

Este o considera de difícil acesso, provavelmente ainda fixado nas restrições impostas ao arquivo pelo regime militar. Além disso, tem minimizado o seu valor ou deixado passar despercebida a sua pertinência para a sua área de atuação.