A colonização espanhola na América: séculos XV-XVI a XVIII-XIX

As imagens individuais foram retiradas de: 1) Mapa America noviter delineata, Wikimedia Commons, 2) Brasão da Dinastia Trastámara, Wikimedia Commons, 3) Brasão da Dinastia Habsburgo, Wikimedia Commons, 4) Brasão da Dinastia Bourbon, Wikimedia Commons e 5) Brasão da Dinastia Bonaparte, Wikimedia Commons. Acesso em: 30/10/2022. A ilustração final foi elaborada por nossa equipe.

A colonização espanhola na América

O processo de colonização espanhola na América se desenvolveu por meio de distintas e específicas fases. Entretanto, há um ponto comum que une todas elas: o aspecto privado do empreendimento.

Uma das possibilidades didáticas de examinar a questão da colonização espanhola é considerá-la no contexto das dinastias reinantes em cada período. É o que faremos a seguir.

Os Trastámara

Os Trastámara constituem uma dinastia peninsular. Diríamos, local. Sem ramificações pela Europa.

O reinado relevante é o do Reis Católicos. Nele, a América foi ocupada e a experiência ou ensaio antilhano foi executado.

 La Virgen de la Misericordia con los Reyes Católicos y su familia, Diego de la Cruz, cerca de 1486. Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em 30/10/22.
A obra retrata os Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão próximos à Virgem da Misericórdia. Entre os outros personagens representados estão: João e Isabel de Aragão, ambos filhos dos Reis Católicos, e Joana de Castela.

Os Habsburgo

A dinastia dos Habsburgo caracterizou-se pelo seu protagonismo na Europa. Foi de longa duração. Dominou diversos reinos europeus.

Europa regina, autor e data desconhecidos. Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em 30/10/22.
O mapa retrata o continente europeu como uma rainha. A sua posição horizontal, orientado para oeste, simboliza a reunião das terras de Habsburgo por Carlos V, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, representando a sua ideia de imperador universal da Europa.

Interessa-nos, particularmente, a presença dos Habsburgo na Espanha durante os séculos XVI e XVII. Nesse período, constatamos dois momentos significativos.

O primeiro deles está situado no século XVI, entre os anos 1519-1573, com a presença dos Grandes Áustrias – Carlos I e Felipe II. Período hegemônico da Espanha na Europa. Época da fundação das Índias Espanholas e do excessivo centralismo metropolitano. Metais preciosos chegam em grandes quantidades à Sevilha. A extração dos metais nas colônias não exige, até então, tecnologia avançada.

O outro período corresponde ao século XVII, entre os anos 1574-1699, onde se fazem presentes as figuras dos Pequenos Áustrias – Felipe III, Felipe IV e Carlos II. A política internacional espanhola é de natureza defensiva. A Hispano-América experimenta um período de descentralização e regionalização. Redução drástica da quantidade de metais preciosos que chegam à Sevilha. Além da necessidade de tecnologia mais avançada, o período caracterizou-se pelo descaminho do ouro e da prata em razão de contrabando.

Os Bourbon-Bonaparte

A dinastia dos Bourbon é francesa. Felipe V, neto de Luís XIV, assume o trono espanhol em decorrência das questões ligadas a sucessão de Carlos II, Habsburgo. A preocupação fundamental é restaurar a Espanha esgotada e retomar o controle da Hispano-América.

A figura central foi o monarca ilustrado Carlos III. A dinastia, a despeito dos seus esforços, não conseguiu alcançar os seus objetivos. Podemos dizer que ela acabou sendo atropelada pela Revolução Francesa, que mudou os rumos da Europa.

Malasaña y su hija se baten contra los franceses en una de las calles que bajan del parque a la de San Bernardo. Dos de mayo de 1808, Eugenio Álvarez Dumont, 1887. Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em 30/10/22.
O Levantamento de 2 de maio de 1808, em Madri, foi o nome dado a uma sequência de acontecimentos violentos em razão das incertezas políticas geradas pelas invasões francesas na Espanha. Os protestos foram violentamente reprimidos e estendeu-se por toda a Espanha uma onda de indignação e apelos públicos contra as forças napoleônicas, o que acabou acarretando na Guerra de Independência Espanhola.
Na pintura, aparece, com o corpo no chão, Manuela Malasaña, uma das vítimas do Levantamento de 2 de Maio. É considerada uma das heroínas daqueles confrontos e, posteriormente, da Guerra de Independência Espanhola.

Na sequência, a Espanha foi invadida pelas tropas napoleônicas e José I, Bonaparte, é colocado no trono espanhol. Sem nenhuma relevância na sua atuação, registramos apenas a presença de uma pseudo-dinastia, que não chegou a frutificar na Espanha.

Àquela altura, em diversos pontos da América espanhola, os movimentos pela independência política já tinham iniciado.