Juramento de Fernando VII como príncipe de Astúrias, 1791, Luis Paret y Alcázar.
Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em: 27/01/2021.
A cerimônia foi realizada em setembro de 1789, na igreja do Real Mosteiro de São Jerônimo, em Madri.
Na ocasião, Fernando tinha apenas cinco anos de idade.

Sobre a autora e sua paixão pela História da América

Conheci Regina, aluna do curso de Relações Internacionais, que, interessada em conhecer um pouco da História do continente, procurou-me após efetuar matrícula no curso de História da América I.

Em seguida, cursou outras disciplinas da área de América. Daí em diante, compartilhamos experiências intelectuais de forma muito produtiva. Do lado dela, seus conhecimentos vinculados ao seu curso de origem. Do meu lado, minhas reflexões historiográficas, aliadas à minha inserção na então linha de pesquisa da pós-graduação em História da UnB: História das Relações Internacionais.

Foi neste contexto intelectual, profícuo e fecundo, que nasceu a proposta de se fazer um mestrado no âmbito da História das Relações Internacionais da América: “Entre o trono e o altar: a política pendular da Santa Sé no reconhecimento das independências hispano-americanas”.

Trabalho pioneiro, consistente e desenvolvido com rigor científico e excelente técnica acadêmica. A sua qualidade não passou despercebida pelos dois membros da banca de defesa da dissertação, traduzida pelas suas considerações e pontuações elogiosas.

A trajetória intelectual e profissional da autora avançou com a realização do curso de doutorado e com o seu trabalho produtivo e eficiente como servidora da Câmara dos Deputados.

Reconhecimento das independências latino-americanas: a Santa Sé entre o legitimismo e o liberalismo

Abdico-me aqui da minha condição de orientador do trabalho, cedendo espaço para a Regina falar do que a sua dissertação consiste:

Este trabalho analisa o papel internacional da Santa Sé no reconhecimento das independências ocorridas na Hispano-América, na primeira metade do século XIX.

Discute como a situação política na Europa de 1800-1835 determinou o relacionamento internacional entre Santa Sé e Hispano-América, fazendo com que a política adotada pelo Vaticano fosse uma política pendular, que oscilava entre o liberalismo crescente e o absolutismo decadente.

Nesse contexto, a crise da Igreja Católica na América Espanhola estava vinculada de forma direta aos compromissos do papa com a monarquia espanhola traduzidos nos direitos e privilégios do Real Patronato, dos quais os criollos consideravam-se herdeiros.

A produção intelectual dos pontífices da época é a fonte principal da pesquisa, pois evidencia a oscilação entre períodos de neutralidade política, quando o império espanhol ameaçava perecer na Hispano-América, e volta ao legitimismo, com a publicação de encíclicas que exortavam obediência ao rei da Espanha.

Apesar da perda de poder como legitimadora das conquistas no cenário internacional (a exemplo do que ocorria no século XVI), a Santa Sé continuava a ser um importante centro difusor de ideias e suporte político-religioso na relação de dominação da Hispano-América pela Espanha, o que explica a importância de ser buscada por ambos os lados.

Autora: Regina da Cunha Rocha

Dissertação apresentada ao Departamento de História da Universidade de Brasília, no ano de 2002, como requisito parcial à obtenção do grau de mestre em História. Linha de Pesquisa: História das Relações Internacionais. Orientador: Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva.

Como citar este post: ROCHA, Regina da Cunha. Entre o trono e o altar: a política pendular da Santa Sé no reconhecimento das independências hispano-americanas. 187 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade de Brasília, Brasília, 2002. In: Histórias das Américas. Disponível em: https://historiasdasamericas.com/entre-o-trono-e-o-altar-a-politica-pendular-da-santa-se-no-reconhecimento-das-independencias-hispano-americanas/. Publicado em: 02/02/2021. Acesso: [informar a data de acesso].