Batalha de Point Pleasant ou Batalha de Kanawha, 1854, John Frost. Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em 23/12/21.
Este conflito foi decisivo na Guerra de Lord Dunmore, que ocorreu em 1774 entre a Colônia da Virgínia e as nações indígenas Shawnee e Mingo. O assassinato em massa de indígenas que viviam nas terras ao sul do rio Ohio, entre eles a família de Logan, foi o estopim para que acirrassem os confrontos entre os colonos brancos e as sociedades originárias na região.
Nota sobre o documento
O contexto
O marco temporal: outubro de 1774. O espaço geográfico: proximidade das margens do rio Scioto, Ohio, Estados Unidos. Personagens: Tachnechdorus (John Logan), chefe da Tribo Mingo e o general John Gibson, emissário da Virgínia, encarregado de celebrar a paz com os nativos, após a derrota destes que resistiam à colonização do Vale de Ohio.
Há registros das boas relações entre estes dois personagens. A esposa do general, uma mulher mingo, também foi assassinada posto que estava com a família de Logan quando ocorreu aquele massacre.
Ao se aproximarem do acampamento indígena, Logan, fortemente emocionado, pronunciou no seu idioma as palavras deste lamento, cuja repercussão ultrapassou muitíssimo aquele lugar e aquela época.
Gibson, regressando ao aquartelamento dos colonos, levou ao conhecimento de Lord Dunmore, Governador da Virgínia, a mensagem de Logan.
É interessante notar que tanto Logan quanto o seu texto estão envoltos em grandes controvérsias, que iniciaram a partir das posições assumidas por Thomas Jefferson sobre o assunto, dando a ele, naturalmente, um maior destaque.
O autor do Discurso
Tah-Gah-Ute também chamado Tachnechdorus. Os colonos ingleses o chamavam de James Logan ou John Logan. Nasceu em 1725, provavelmente em Shamokin, atual Sunbury, Pensilvânia. Faleceu em 1780, nas proximidades do Lago Erie.
Destacado líder nativo que manteve inicialmente uma amistosa relação com colonos brancos na Pensilvânia e no Território de Ohio. Após o massacre de sua família por Michael Cresap, em 1774, perpetrou cruel vingança contra o homem branco.
O assassinato da família de Logan apenso às Notas sobre el Estado de Virginia em 1803
En la primavera del año 1774, unos indios cometieron un robo en determinadas tierras aventureras del río Ohio. Los blancos de ese barrio, según su costumbre, se comprometieron a castigar este atropello de forma sumaria. El capitán Michael Cresap y un tal Daniel Greathouse, que encabezaban estas partidas, sorprendieron, en diferentes momentos, a las partidas de viaje y caza de los indios, con sus mujeres y niños con ellos, y asesinaron a muchos. Entre ellos se encontraba, lamentablemente, la familia de Logan, un jefe celebrado en la paz y la guerra, y durante mucho tiempo distinguido como amigo de los blancos. Este regreso indigno provocó su venganza. En consecuencia, se señaló a sí mismo en la guerra que siguió. En el otoño del mismo año se libró una batalla decisiva en la desembocadura del Gran Kanhaway, entre las fuerzas reunidas de los Shawanees, Mingos y Delawares, y un destacamento de la milicia de Virginia. Los indios fueron derrotados y se les pidió la paz. Logan, sin embargo, desdeñó ser visto entre los suplicantes. Pero para que no se desconfiara de la sinceridad de un tratado, del que se ausentó un jefe tan distinguido, envió, por medio de un mensajero [el general Gibson], el siguiente discurso para que lo pronunciara ante lord Dunmore.
Texto de Thomas Jefferson publicado em https://historialib.com/el-discurso-de-logan-1774/
Considerações a partir do escrito de Thomas Jefferson
A mensagem de Logan surpreendeu positivamente a Jefferson que, à época, estava em Williansburg, registrando-a no seu caderno de notas.
A partir de então, o texto de Logan foi publicado na Virginia Gazette, e em distintos jornais das colônias e da Europa.
No ano de 1785, publicou-se em Paris as Notes on the State of Virginia, de Jefferson. O propósito do autor era refutar colocações preconceituosas de alguns filósofos europeus, dentre eles o Conde de Buffon, que asseveravam a existência de circunstâncias na América, responsáveis pela degeneração da natureza animal. As colocações de tais filósofos incluíam a degeneração física e moral dos nativos e dos europeus que se fixavam na América.
Para o iluminista norte-americano, o discurso de Logan era uma demonstração cabal contra o preconceito europeu, em razão da sensibilidade e do talento encontrado entre membros das sociedades originárias da América.
Realidades opostas
A chegada do europeu à América enseja o estabelecimento de duas realidades opostas caracterizadas por traumas e conflitos. De um lado, as sociedades originárias. Do outro, os colonizadores e o seu protagonismo.
O autor e o seu texto ganharam destaque especial nos manuais escolares dos Estados Unidos, durante a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX.
Em julho de 1841, uma assembleia de colonizadores do Vale do Scioto, realizada em Westfall instituiu a “Logan Historical Society”, com o objetivo de perpetuar os princípios defendidos pelo líder nativo com relação à aceitação do homem branco, mesmo sob o escárnio das pessoas de sua etnia.
A história de Logan simboliza, na verdade, a história das relações entre os povos originários e os colonizadores ingleses na América do Norte.
O seu esquema explicativo pode ser assim colocado. De início, uma atitude cordial e compassiva do nativo para com o homem branco; em seguida, a repulsa e a agressividade do inglês diante do nativo; em consequência, a vingança violenta impetrada pelo nativo, dada a ausência de outras instâncias passíveis dele recorrer; segue-se a ação punitiva planejada e executada pelo exército; finalmente, a derrota do nativo, com a expropriação de suas terras, cultura e identidade.
Algumas referências para análise da fonte histórica
“James Logan.” Britannica School, Encyclopædia Britannica. 31 de outubro de 2017. school.eb.com/levels/high/article/James-Logan/48752.
“Logan – The Mingo Chief, 1710-1780”, Ohio Archæological and Historical Society Publications. Vol. 20, [1911], p. 137-175.
BOORSTIN, Daniel J. (Comp.). Compendio histórico de los Estados Unidos: un recorrido por sus documentos fundamentales. México: Fondo de Cultura Económica, 1997.
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https://www.oneidaindiannation.com/key-figures-in-oneida-history-pre-american-revolution/
HURT, R. Douglas. The Ohio Frontier: Crucible of the Old Northwest, 1720-1830. Bloomington: Indiana University Press, 1996.
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TANNER, Helen Hornbeck. Atlas da História dos Índios dos Grandes Lagos. City of Norman, OK, 1987.
WALLACE, Anthony FC. Jefferson e os índios: o destino trágico dos primeiros americanos. Cambridge: Belknap, 1999.
WILSON, James Grant; FISKE, John. “John Logan”. Cyclopædia of American Biography, de Appleton. Vol. 4, 1887, p. 4-5.
Autor: Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva
O texto documental foi transcrito de JEFFERSON, Thomas. Notas sobre el Estado de Virginia. Con un apéndice relativo al asesinato de la familia de Logan. Trenton, Nueva Jersey: Wilson y Blackwell, 1803. In: https://historialib.com/el-discurso-de-logan-1774/. Acesso em 23/12/21.
Uma tradução em língua portuguesa pode também ser encontrada em https://stringfixer.com/pt/Logan_(American_Indian_leader).
Como citar este post: SILVA, Dinair Andrade da. Nota sobre o documento: O discurso de Logan (1774). In: Histórias das Américas. Disponível em: https://historiasdasamericas.com/o-discurso-de-logan-1774/. Publicado em: 28/12/2021. Acesso: [informar a data de acesso].
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