García Márquez e a História

Linhas estruturais que compõem a série

Acredito que as grandes estruturas que sustentam as relações econômicas, os sistemas políticos, os processos sociais e os liames entre os Estados nos ajudam a compreender e a explicar parte da História.

Por esta razão, ao longo de minha trajetória intelectual e acadêmica quis também compreender e explicar a outra parte. Por isso, nunca perdi de vista a importância do fundamental diálogo entre a História e as artes em geral, e, de modo particular, entre a História e a Literatura.

Este diálogo proporcionará a oportunidade de uma maior compreensão do universo mental do homem e das sociedades humanas, nos permitindo alcançar atitudes e comportamentos até então não percebidos ou pouco compreendidos.

Nesta linha de raciocínio, ao participar de dois cursos sobre a produção literária de García Márquez – “Leer a Macondo: la obra de Gabriel García Márquez” e “Gabriel García Márquez entre el poder, la historia y el amor” – vi a pertinência e a oportunidade de produzir uma série de posts para o site História das Américas.

Esta série que anuncio tem como objetivo discutir as diversas obras examinadas ao longo dos dois cursos, enfatizando a necessidade de serem lidas atentamente pelo estudioso da História, de um modo geral e da História da América Latina, em particular.

Finalmente, tenho o prazer de anunciar que esta sequência de posts está sendo inaugurada com o exame do romance La hojarasca. Neste sentido, convido a todos os amantes da História a se deliciarem com o olhar de García Márquez sobre a História da América Latina, que certamente será depreendido por meio da leitura desta magnífica obra literária.

Traços biográficos de Gabriel García Márquez

O objetivo não é apresentar uma biografia deste autor, senão trazer apenas alguns traços marcantes de seu perfil biográfico. A produção especializada traz uma vasta bibliografia sobre García Márquez e sua obra literária e jornalística, além de entrevistas, memórias etc.

Nasceu na Colômbia em 1917 e faleceu no México em 2014. É o autor latino-americano mais conhecido e mais celebrado em todo o mundo. Além disso, é o maior expoente do estilo literário denominado realismo mágico.

Sem dúvidas, García Márquez é o mais representativo romancista da América Latina. Se voltarmos a atenção para o século XX, perceberemos que os grandes autores reverenciados pela crítica estão situados na primeira metade da centúria. García Márquez é unanimemente considerado como o maior nome da literatura da segunda metade do século passado.

Sua obra mais relevante, Cem anos de solidão, publicada em 1967, está situada emblematicamente no ponto que separa a ficção moderna da ficção pós-moderna. Autor densamente premiado, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1982, como uma espécie de coroamento por todo o seu trabalho literário.

Apelidado por “Gabo”, inventou Macondo, como uma estratégia literária, e a América Latina a partir de então, nunca mais foi a mesma. Macondo é um “espaço metonímico”, ou seja, “um espaço que não tem compromisso em representar uma realidade, mas em ser esta realidade”. O seu nascimento se deu exatamente em La Hojarasca. Este universo simbólico reúne em si diversos argumentos, situações e personagens.

Em La Hojarasca, primeiro romance do autor, publicado em 1955, García Márquez revela toda a influência que recebeu de Virginia Wolfe, James Joyce e William Faulkner, entre outros. Foi escrito pelo jovem que tinha pouco mais de vinte anos. É uma magnífica descrição de uma história relacionada a Macondo, povoado que ficou imortalizado em Cem anos de solidão.

Suas obras literárias e a data da primeira edição

La hojarasca, 1955.
Relato de um Náufrago (publicado em 14 fascículos no jornal colombiano El Espectador), 1955.
El coronel no tiene quien le escriba, 1961.
Los funerales de la Mamá Grande, 1962.
La mala hora, 1962.
Cien años de soledad, 1967.
La increíble y triste historia de la Cándida Eréndira y de su abuela desalmada, 1972.
Todos los cuentos (1947-1972), 1975.
El otoño del patriarca, 1975.
Crónica de una morte anunciada, 1981.
El amor en los tiempos del cólera, 1985.
Diatriba de amor contra un hombre sentado, 1988.
El general en su laberinto, 1989.
Doce cuentos peregrinos, 1992.
Del amor y otros demónios, 1994.
Memoria de mis putas tristes, 2004.

García Márquez e sua Geografia Literária

Parece-me oportuno recordar que García Márquez privilegiou o Caribe colombiano para ambientar os seus romances. Trata-se de uma região onde encontramos as suas origens e onde viveu a sua infância e adolescência. Sempre esteve vinculado ao Atlântico, e, portanto, ao Caribe.

Por todas estas circunstâncias, evoco os recursos didáticos oferecidos pelos mapas para documentar informações e facilitar a compreensão do leitor. Inicialmente, incluo o mapa da “Colômbia”, com a indicação dos países limítrofes, Oceano Pacífico e o Mar do Caribe. Em seguida, apresento o mapa da “Costa caribenha no Oceano Atlântico”, muito rico em indicações hidrográficas, circunscrições administrativas e núcleos urbanos grandes e pequenos. Finalmente, o terceiro mapa levará o leitor a recordar a grande região de “O Caribe e o Golfo do México”, onde obterá uma visão panorâmica do Caribe por inteiro.

Mapa da “Colômbia”. Fonte: MARTÍN, Gerald. Gabriel García Márquez: uma vida. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010, p. 16.

Mapa da “Costa caribenha no Oceano Atlântico”. Fonte: MARTÍN, Gerald. Gabriel García Márquez: uma vida. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010, p. 17.

Mapa da grande região de “O Caribe e o Golfo do México”. Fonte: MARTÍN, Gerald. Gabriel García Márquez: uma vida. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010, p. 18.