Francisco de Bobadilla, juiz enviado pela Coroa à Ilha Hispaniola, prendeu Cristóvão Colombo por supostas irregularidades em seu governo.

A imagem retrata o momento em que Francisco de Bobadilla, juiz enviado pela Coroa à Ilha Hispaniola, prendeu Cristóvão Colombo por supostas irregularidades em seu governo. Entre os anos 1500 a 1502, exerceu o cargo de Governador Geral das Índias. Fonte: Wikimedia Commons. Acesso em: 29/10/2022.

Houve a descoberta da América?

Parece-me interessante, inicialmente, partir da ideia de “descobrimento”. Achado. Encontro de algo oculto, secreto, desconhecido. Averiguação. Trata-se de um efeito, logicamente que se segue a uma causa ou a um conjunto de causas. A noção de descobrimento está conectada também à de eurocentrismo, senão vejamos.

No caso do continente americano, os estudiosos, majoritariamente, asseveram que, no apagar das luzes do século XV, trata-se de um objeto geográfico completamente desconhecido do homem europeu. Colombo foi apenas o iniciador do processo do descobrimento da América, que se acredita estar ainda inconcluso. Todavia, há controvérsias bem fundadas, construídas por meio de um olhar histórico do tempo presente.

A importância do modo de ver decolonial

Vamos exercitar nossa capacidade de reflexão. Na compreensão de Colombo e dos homens do seu tempo, teriam eles efetuado um descobrimento? A existência da América tornou-se efetiva somente após a chegada dos europeus? O mesmo aconteceria com todas as outras regiões do globo, ainda não conhecidas pelos europeus? E se admitirmos que todas as regiões extra europeias possuíssem suas organizações sociais e instituições antes da chegada daqueles cristãos?

Que tal problematizarmos a noção de descobrimento? O contato do europeu com o mundo não-europeu teria sido invasivo? Poderia ser tratado como uma invasão, seguida de dominação e conquista? O mundo não-europeu teria sido uma invenção da Europa?

Empresas castelhanas no Caribe

Retornemos à concretude histórica: a experiência antilhana, sob os Trastámara, objeto de exposição deste post foi, na verdade, um ponto inicial da tomada de conhecimento pelos castelhanos de uma realidade humana e física. Nada mais que isto se fez no decorrer destes pouco mais de 25 anos de duração.

A despeito de haver sido considerada por alguns estudiosos como uma época de “cegas vacilações”, ela foi extremante fecunda no sentido de preparar os espanhóis para a execução dos seus grandes projetos de colonização, tão cheios de erros quanto de acertos. Provavelmente, mais erros que acertos…

Sabe-se a que presença castelhana na América foi contínua a partir de 1493. Todavia, sabemos também que os ensaios antilhanos foram constituídos por uma  sequência de constantes fortes hesitações por parte da administração metropolitana. Não se concretizou, naquela época, uma definida política em torno das Índias.

O desconhecimento provocou uma série de surpresas, posições discordantes, ambições desmesuradas e outros desacertos, o que impossibilitou a construção de uma coerente política colonial durante o Reinado dos Reis Católicos.

Autor: Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva

Como citar este post: SILVA, Dinair Andrade da. Os Trastámaras e a experiência antilhana. In: Histórias das Américas. Disponível em: https://historiasdasamericas.com/os-trastamara-e-a-experiencia-antilhana/. Publicado em: 26/06/2023. Acesso: [informar a data de acesso].

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