Los funerales de la Mamá Grande de García Márquez. As contribuições do diálogo da História com a Literatura.

“La Mamá Grande” ilustrada por Luisa Rivera. Fonte: Luisa Rivera. Acesso em: 01/10/2023.

A minha leitura da coletânea de contos Los funerales de la Mamá Grande permitiu-me entender a sua complexidade e a necessidade de fazer a sua análise em duas partes. Na primeira, traçamos as linhas estruturais da obra. Nesta segunda parte, faremos uma reflexão pormenorizada de dois – o primeiro e o último – dos oito contos que integram a coletânea, aprofundando em alguns aspectos, entre eles as contribuições do diálogo da História com a Literatura.

O primeiro conto, “La siesta del martes”, narra a história de uma mãe que, acompanhada de uma filha pequena, se desloca a um povoado remoto, para visitar a sepultura do filho assassinado. O último conto, que empresta o seu nome à coletânea, “Los funerales de la Mamá Grande”, relata a morte e o sepultamento de uma mulher que exercia poder absoluto sobre Macondo e a região onde está inserido.

Convido você a descobrir como García Márquez representou a América Latina em suas múltiplas dimensões por meio destes relatos.

Os primeiros momentos de “La siesta del martes”

Escrita em 1958, esta história breve é provida de intenso sentido ético, político e psicológico. Uma mãe enlutada, acompanhada de sua filha, ainda criança, desembarca de um trem ao meio-dia em um povoado, aparentemente desabitado, após cruzar as plantações da companhia bananeira.

Eram as únicas ocupantes de um vagão de terceira classe, que fedia couro que não passou pelo curtume. As janelas mal se abriam, o calor era insuportável e outros odores malcheirosos infestavam aquele recinto em movimento.

Chegam trazendo uma bolsa com alguma coisa para comer e flores enroladas em um jornal, àquela altura já murchas. A menina, com cerca de doze anos, em silêncio, possuía um semblante triste e amargurado. Tinham como propósito visitar a sepultura de Carlos Centeno Ayala, filho desta senhora, assassinado ao tentar invadir uma casa naquele local.

A mãe de Carlos era uma mulher sofrida, calma e decidida. De temperamento forte. Desinibida diante dos desafios e conflitos. Integrava o segmento social dos despossuídos. Mantinha uma postura de dignidade. A aparência andrajosa não encobria a sua condição de mulher educada. Não se dobrava diante de nenhuma situação, por mais adversa que fosse…

A mãe não via o filho como ladrão: Carlos não roubava para enriquecer…

Carlos era tido como um bom rapaz. Foi boxeador. Entretanto, extenuado pelas sucessivas derrotas, com os constantes espancamentos no ringue e vendo o sofrimento da mãe com o seu infortúnio, fez-se ladrão.

A morte foi uma pena severa em excesso para punir a vida que levava. A sua execução revelou o absurdo e o injusto, em face do delito praticado. A grande culpada pela sua vida marginal era a situação social injusta em que Carlos vivia.

A ocorrência fatal se deu na segunda-feira da semana anterior. Rebeca Buendía, viúva idosa e solitária ouviu, de madrugada, um barulho em sua casa. Desceu, às escuras, até à sala e de posse de uma velha arma de fogo atirou rumo à porta. Carlos, alvejado no cabeça, caiu morto na rua, com o nariz despedaçado.

Um diálogo assimétrico: a autoridade eclesiástica e a mãe enlutada

A busca pela sepultura e pelas razões do assassinato do filho, se faz por meio de diálogos concisos e breves entre a mãe e o pároco do povoado, que inclusive possuía a guarda da chave do portão do cemitério.

À mãe, o pároco informou que a morte do filho ocorreu por ele ser um ladrão. Neste momento, aquela senhora começa a manifestar a sua compreensão sobre o sentido do que é ser ladrão. Ele roubava para viver e não para acumular riquezas! Ela esclarece de pronto, que sempre ensinou ao filho que a necessidade era a única justificativa para o roubo. E disse: “Yo le decía que nunca robara nada que le hiciera falta a alguien para comer, y él me hacia caso”.

Pôs-se, de fato, naquela hora, a dicotomia entre o aparato legal, que estabelecia as normas do controle social, e o comportamento habitual de uma pessoa tida, por aquela sociedade, como delinquente.

A despeito do diálogo entre a mãe e o pároco ter ocorrido na casa paroquial enquanto quase todos os habitantes do povoado dormiam a “siesta” [tempo destinado a descansar e a dormir após o almoço no horário do calor mais intenso], o narrador deixa escapar que se criava, progressivamente, uma tensão popular onde a mãe do ladrão morto teria que enfrentar uma população agressiva, ávida por vingança, enquanto ela defendia a dignidade, a partir da postura marginal, decorrente do quadro de ruptura legal.

O leitor como coautor em García Márquez: o desafio ético lançado

É interessante notar a preocupação do Autor, não somente em relatar a ambiência em que a história se desenrola, mas também, e com muita ênfase, em descrever as sensações e emoções experimentadas por cada personagem.

De um lado, Macondo mergulhado numa caldeira que fervia. Àquela hora, quase nada funcionava. Encontrava-se aberta apenas a agência telegráfica, localizada num dos lados da praça; o pequeno hotel e sua cantina, de cuja fachada via-se a estação ferroviária; e o bar, com o seu salão de bilhar. Do outro lado, intenso calor dos ânimos com a chegada das duas forasteiras ao povoado.

Este conto, dentre outros, foi gestado no âmbito dos parâmetros teóricos considerados por García Márquez a respeito desse gênero literário. Ao leitor, como coautor, caberá responder perguntas e complementar sentidos. Segundo o Autor, este é o seu melhor conto. No entanto, ainda inédito, quando apresentado num concurso em Caracas, não logrou nenhum sucesso.

A história termina no percurso que a mãe faz rumo ao cemitério do povoado. E então, o que acontecerá? O leitor tem em suas mãos o problema ético. A quem pertence a posição justa, à mãe ou aos habitantes do povoado? E o compromisso com a verdade transcende à trama e os seus personagens, e se coloca por inteiro diante da consciência do leitor.

Imagem de García Márquez. As contribuições valiosas originadas do diálogo entre a História e a Literatura.

Detalhe da capa do conto “La siesta del martes”, publicado por Norma Editorial. Fonte: Panorama Cultural. Acesso em: 01/10/2023.

Um divisor de águas em “Los funerales de la Mamá Grande”

Provavelmente, este conto, na percepção do seu Autor, venha marcar o encerramento de um tempo de injustiça, dominação e escassez material, compartilhado pelos contos anteriores, e a inauguração de um tempo novo, caracterizado pela justiça, liberdade e melhoria das condições materiais da sociedade.

Neste sentido, “Los funerales de la Mamá Grande” é um divisor de águas. Para demonstrar, García Márquez relata os momentos derradeiros da última representante de uma oligarquia que dominou toda a circunscrição onde se situa Macondo durante alguns séculos.

Durante o período de sua agonia, a população de toda a região manifestou a sua admiração pela moribunda, entendendo que a sua época terminara. Ao mesmo tempo, fica clara a inapetência dos sobrinhos em assumir a continuidade oligárquica.

Com a Mamá Grande o passado de Macondo seria sepultado

Numa apreciação mais ampla do conto por inteiro, o que se descreve é a consequência da morte de Mamá Grande e a reação dos poderes diante daquelas circunstâncias. Na verdade, todos se fazem representar naquele evento, a começar pelo Papa e o Presidente. A notícia reverbera por todos os meios de comunicação e a suntuosidade dos funerais é divulgada. Junto à velha oligarca de 92 anos, é sepultado o passado de Macondo.

Caberá ao leitor dar respostas às questões que não foram aclaradas. Entre elas, por que foi e o que fez o Sumo Pontífice naqueles funerais? Estaria ele convertendo a Igreja em cúmplice dos lastimáveis feitos realizados pela Mamá Grande ao longo de sua vida? Estaria o Papa endossando, com o seu comparecimento, o surgimento dos novos tempos? O que representaria a aparição do Presidente naquele evento? Qual teria sido o significado da presença de tamanha e diversa multidão, circulando pelos espaços públicos do povoado?

“A grande ilusão do carnaval”

Na verdade, os funerais foram um carnaval. Da leitura de “Los funerales de la Mamá Grande”, emerge imediatamente o ponto que dá centralidade ao conto. Trata-se do poder e das formas que estabelecem as suas relações e suas articulações. Há um destaque especial para a forma como se realiza o enfrentamento entre os poderes locais e regionais com os poderes nacionais e estatais (e até mesmo internacionais).

É exatamente no quadro desta dinâmica do poder que se situa a noção de carnaval, entendido, especialmente, no seu significado renascentista. O evento induz à subversão da ordem estabelecida, inclusive as fórmulas de poder. É como se a realidade deixasse de ser como era, para assumir, momentaneamente, o seu inverso. Neste período, prevalecem o desfrute dos prazeres da carne para, na sequência, enfrentarem o penitente tempo da quaresma.

Neste quadro carnavalesco, “La Mamá Grande” enfrenta a Cúria Romana, podendo inverter os valores ocidentais-cristãos vigentes. “Los funerales” são tidos como uma grande festa, uma autêntica comemoração da vida. Em outros termos, tornam-se um espaço de inversão ou suspensão dos valores tradicionalmente aceitos, e se transformam numa celebração da vida, com todos os seus prazeres.

O Carnaval e o barroco em “Los funerales de la Mama Grande”

Inspirado na exuberância do barroco, o Autor repete infinitamente os prazeres mais comuns da vida: comida, sexo, jogos de azar, bebida, liberdade, relacionamento social, dança etc. Em seguida, expõe uma lista exaustiva do que se vê e se vendem pelas ruas e no mercado ao descrever a carnavalização de “Los funerales”: torresmo, salsicha, torta de milho, pão de mandioca, empada, chouriço, cocada, pãozinho, bolinho de carne, folheado de frango, almôndega, tripa frita, torta de queijo, bebida fermentada, bebida destilada, miudeza em geral, bugiganga, pote, panela, cesta, jogo de loteria, briga de galos, estampa e escapulário com a imagem da Mamá Grande, além de muitas outras coisas.

Outra característica importante que se depreende da leitura de “Los funerales de la Mamá Grande” é a sua linguagem e estrutura que modela o feitio dos períodos oracionais. Algumas vezes, nota-se a presença de frases pequenas, multicoloridas, outras vezes frases longas, exaustivas, que revelam aos visitantes de Macondo, a grandiosidade daquele evento festivo, por meio da sintaxe.

Ao leitor do conto, a elaboração destes períodos causa alguma perplexidade, posto que revela um pouco de Cervantes, Quevedo e Luís de Góngora, expoentes do barroco espanhol, tão bem conhecidos e admirados por García Márquez.

O barroco na estrutura e na linguagem do conto

O barroco espanhol – reverenciando o detalhe, o dualismo e as contradições, o cultismo e o conceptismo – está muito presente em “Los funerales de la Mamá Grande”. A estrutura textual – vocabulário e sintaxe – se aproxima dos escritos dos séculos XVI e XVII.

Sobressaem-se os períodos oracionais extensíssimos, onde as circunstâncias narradas são enumeradas de maneira exaustiva. Atentemos por exemplo, para a enumeração do que se vê e do que se vende nas ruas de Macondo e para a descrição minuciosa da multiplicidade de pessoas que assistiam aos funerais.

Aí está a lógica do barroco – revelando e ressaltando o exagero das sensações e da sonoridade. Além de destacar os odores, os sabores, as cores, as intensidades que impregnam de modo extremamente exagerado todas as coisas.

O relato não omite a religião como prática social. É bem verdade que este tema se serve à ironia, ao sarcasmo e ao sincretismo. É sabido que Mamá Grande transgrediu todos os preceitos da Santa Madre Igreja. Todavia, ela morreu em “olor de santidade”. Recebeu a “extremaunción” das mãos do Padre Antonio Isabel.

Esta manifestação de religiosidade convive com lendas e superstições. “Y nadie pensaba seriamente en la posibilidad de que la Mamá Grande fuera mortal”. Não podemos nos esquecer que o Catolicismo foi o braço forte do Estado na conquista e colonização da América pelos espanhóis. E a sua influência emoldurou Macondo sob a direção da Mamá Grande.

“La siesta del martes” e “Los funerales de la Mamá Grande”: elementos de conexão

Ambos os contos compartilham Macondo como ambiência geográfica, onde as pessoas residem e transitam. O povoado é descrito em “La siesta del martes”, como uma localidade remota, quase incomunicável, paralisada no tempo e caracterizada pela escassez material. Em “Los funerales de la Mamá Grande”, pelo contrário, o reino de Macondo é um local dinâmico, acessível, divertido e abastado, eu diria exuberante.

Os personagens, nos dois contos, dividem e transitam, tanto por espaços privados, quanto por espaços públicos, com muita desenvoltura e naturalidade. Em “La siesta del martes”, o pároco e sua irmã, viviam na casa paroquial, onde receberam a mãe de Carlos. A seu turno, ela e sua filha transitaram pelas ruas de Macondo. Em “Los funerales de la Mamá Grande”, o quarto da matriarca e o seu casarão nunca foram tão frequentados como então. Os habitantes do povoado, por sua vez, circulavam alegremente, pelas ruas, praças e mercado.

“La siesta del martes” e “Los funerales de la Mamá Grande”: pontos de contraste

Da leitura destes dois relatos, depreendemos o humor como um elemento não compartilhado. Enquanto em “La siesta del martes”, a tristeza e a dor estão presentes, em “Los funerales de la Mamá Grande”, o prazer e a alegria são exagerados.

A linguagem é outro aspecto não comum na narrativa dos dois contos. Em “La siesta del martes”, encontramos o relato curto, descrito por meio de uma série de diálogos breves, com forte sentimento psicológico, político e ético. Em “Los funerales de la Mamá Grande” observamos a influência e o impacto de autores do barroco espanhol, revelados por meio da exuberância dos períodos oracionais.

“La siesta del martes” e “Los funerales de la Mamá Grande”: temas com conotações distintas

Do exame destas duas histórias, depreende-se a ideia de poder. No entanto, em cada uma delas é dada uma conotação completamente distinta. Em “La siesta del martes”, o poder é pessoal, e é detido pela mãe do ladrão assassinado. Ela veio para visitar a sepultura do filho. Não se dobrou diante de nenhuma das adversidades postas diante de si, deslocando-se até o cemitério. Em “Los funerales de la Mamá Grande”, há um embate: os poderes locais enfrentam os poderes nacionais, além de outros.

Os dois contos – o primeiro abre a coletânea e o segundo a encerra – têm em comum o tema da morte e do sepultamento. Todavia, em cada um deles, o tratamento dado ao tema é construído de forma completamente antagônica. Em “La siesta del martes”, a morte e o sepultamento caracterizam uma perda descomunal para a mãe e a irmã, enquanto em “Los funerales de la Mamá Grande”, a morte e o sepultamento instalaram um autêntico carnaval em Macondo, para o desfrute dos prazeres de todos.

América Latina em Macondo

Esta coletânea retrata, de modo surpreendente, a América Latina nas suas múltiplas dimensões. Por meio das oito histórias relatadas, vieram à tona todo o sofrimento, toda a escassez de bens materiais da maioria da população, todas as máculas da reputação, todas as falhas morais daqueles que dirigem o continente.

Macondo, o povoado concebido por García Márquez, sintetiza a violência, a corrupção, a escassez, a traição, o suborno, o autoritarismo, a ignorância e tantos outros males que infestam a América Latina de ontem e de hoje.

Sem sombras de dúvidas, Macondo – este pequeno espaço geográfico – pertenceria a qualquer país latino-americano, principalmente da primeira metade do século passado, posto que existe um substrato cultural comum, quase que universalizado.

“La Mamá Grande” representa a maior autoridade numa sociedade latino-americana, onde o dirigente interfere diretamente nas condições de vida, nos modos de viver e nas possibilidades materiais de todos os habitantes. Ainda que “Mamá Grande” tenha garantido a paz social e a segurança política do seu território, por um longo período, ela o fez servindo-se de todo tipo de meios e modos escusos, como por exemplo, a permanente manipulação dos resultados eleitorais.

Imagem de García Márquez. As contribuições valiosas originadas do diálogo entre a História e a Literatura.

Macondo desenhado por Colin Elliott, Anthony Fehr, Erik Nelson e Rachel Robertson. Fonte: St. Stephen’s School. Acesso em: 01/10/2023.

A realidade latino-americana contemplada nos contos

Nesta coletânea, estão configurados todos os elementos da sociedade latino-americana da primeira metade do século XX. Entre eles, a persistência das estruturas tradicionais, como o latifúndio, a dominação estrangeira e as marcas das crenças populares e do folclore.

No âmbito do machismo estrutural da América Latina, García Márquez ao escrever o último relato, perpassou a ideia de uma sociedade caracterizada pelo matriarcado absoluto da “Mamá Grande”, como uma fina ironia à Igreja Católica – seu papel e simbolismo – na formação da cultura e da religiosidade popular latino-americana…

O conjunto da obra: temas e problemas

Esperamos ter atingido o objetivo proposto para a Parte 1 e a Parte 2 da análise histórica e literária da coletânea de contos de García Márquez, intitulada Los funerales de la Mamá Grande. Nossa reflexão se estendeu sobre diversos temas, conteúdos e problemas.

Dentre os temas trabalhados pelo Autor, destacamos: a escassez econômica, o isolamento, a corrupção, a violência, a justiça social, a decadência, a morte, a dignidade dos pobres, as instituições religiosas, a crítica aos governantes e a solidão.

Dos oito contos que integram esta coletânea, elegemos dois para aprofundar nossas observações, destacando em cada um, alguns aspectos relevantes. Em “La siesta del martes”, por exemplo, a dignidade e a tenacidade de uma mãe, à procura da sepultura do filho assassinado; e, em “Los funerales de la Mamá Grande”, entre outros, as peculiaridades da linguagem e as múltiplas relações do poder.

A coletânea por inteiro: teoria e suposições

De imediato, nossa atenção centrou-se no sentido e no significado do gênero conto na obra do Autor. Nesta direção, enfatizamos que os contos são verdadeiras oficinas de experimentos, para serem utilizados nos romances que já fervilhavam na imaginação do literato colombiano.

Apresentamos um breve comentário sobre o artigo “¿Todo cuento es un cuento chino?”, onde o Autor esboça uma teoria deste gênero literário. Não nos passou despercebida a importância dada por García Márquez à unidade e à intensidade dos contos.

É muito interessante constatar que as histórias de alguns relatos permanecem em aberto para se concluir em outros contos. Insistimos que os contos são experimentos para serem ampliados e aprofundados, neste caso, no romance Cem anos de solidão.

Los funerales de la Mamá Grande: o leitor na construção desta análise histórica e literária

Vale a pena o seguinte questionamento: qual a razão que levou o Autor a dar como título da coletânea o nome do conto que justamente se destoa por completo dos demais? Na minha compreensão é porque “Los funerales de la Mamá Grande” representaria um ponto de inflexão da sociedade latino-americana, ou seja, o fim de uma era de dominação e injustiça, e o começo de outra, a da liberdade e da justiça social.

Em suma, na coletânea intitulada Los funerales de la Mamá Grande, assim como em toda a produção literária de García Márquez, é construída uma identidade, que transcende à colombiana, para abarcar a latino-americana por inteiro, que, com certeza, inclui temas de interesse universal.

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Autor: Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva

O texto deste post foi elaborado com base no conhecimento adquirido durante os cursos “Leer a Macondo: la obra de Gabriel García Márquez” e “Gabriel García Márquez entre el poder, la historia y el amor” ministrados por um conjunto de especialistas da Universidad de los Andes, com sede em Bogotá, e nas referências bibliográficas acima colocadas.

Como citar este post: SILVA, Dinair Andrade da. Uma análise literária e histórica de Los funerales de la Mamá Grande – Parte 2. In: Histórias das Américas. Disponível em: https://historiasdasamericas.com/uma-analise-literaria-e-historica-de-los-funerales-de-la-mama-grande-parte-2/. Publicado em: 30/10/2023. Acesso: [informar a data de acesso].

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