Dinair Andrade da Silva
Caro Professor Amado Cervo, ilustre homenageado;
Magnífico Reitor da Universidade de Brasília, Professor Doutor Lauro Morhy;
Demais autoridades e colegas presentes;
Senhoras e senhores.
Nesta oportunidade, estamos aqui para prestarmos mais uma homenagem ao Professor Doutor Amado Luiz Cervo.
Neste mesmo Auditório, em 15 de abril de 2003, realizou-se um Seminário em Homenagem ao Professor Cervo e, por meio do lançamento de uma obra coletiva, celebrou-se o intelectual e a sua produção acadêmica, reconhecida no Brasil e em países da América Latina e da Europa, como densa e significativa, no âmbito da História das Relações Internacionais.
Tratava-se então de um tributo devido ao intelectual fecundo e lúcido que forjou e consolidou, na Universidade de Brasília e no Brasil, o estudo da História das Relações Internacionais. Foi uma homenagem expressiva e eloqüente, porém, de certa maneira, incompleta.
Incompleta ou insuficiente porque ao lado da personalidade do intelectual obstinado que se homenageava naquela ocasião, está a grandeza do professor que ora se homenageia. Professor dedicado, cuidadoso e atento ao avanço intelectual dos seus alunos. Que encoraja, impulsiona e acredita na capacidade criadora do estudante. Que provoca e desafia o aluno na sua trajetória acadêmica. Professor de pulso firme, cuja clareza de ideias e franqueza de atitudes chega, às vezes, às raias de uma rispidez, com um tempero terno e estimulante.
Para tanto, far-se-ia necessária uma homenagem ainda mais grandiosa, mais expressiva, mais eloqüente como a que hoje se celebra.
Assim, compartilhando com uma proposta conjunta do Professor Estevão de Rezende Martins e minha, corroborada, unanimemente, pelos membros dos Colegiados do Departamento de História e do Instituto de Relações Internacionais, o Conselho Universitário aprovou e o Magnífico Reitor promulgou a concessão do Título de Professor Emérito ao Historiador e Professor Amado Luiz Cervo, com fundamento na excepcionalidade e solidez da sua contribuição à nossa Universidade.
Esta contribuição, ao longo de trinta anos de atuação na UnB, abarcou integralmente os três eixos basilares da Instituição, o ensino, a pesquisa e a extensão, consolidando a construção de uma tradição nos estudos de História das Relações Internacionais, reconhecida no Brasil e no exterior, para orgulho de toda a comunidade universitária.
Como bem recordou o Professor Saraiva, em texto que integra livro organizado pelo Professor Estevão intitulado Relações internacionais: visões do Brasil e da América Latina, o itinerário da contribuição do Professor Amado Cervo perpassa a vocação científica do professor, o seu gosto pelo internacionalismo, a construção da História das Relações Internacionais no Brasil como liame entre Cervo e a Universidade, e a edificação de uma parceria intelectual brasileiro-argentina já definitivamente consolidada.
Amado Luiz Cervo trouxe para a nossa Universidade, em meado dos anos setenta, a inspiração internacionalista de Estrasburgo e de sua universidade, onde estudou durante a década dos sessenta, tempo em que a Apologia de Bloch e os Combates pela História de Febvre estavam ainda vivamente ressonantes. Na capital do Brasil, Amado construiu tradição internacionalista própria sob a proteção institucional da Universidade de Brasília.
Neste ato, a comunidade universitária como um todo e os colegas do Departamento de História e do Instituto de Relações Internacionais, em particular se juntam aos filhos, à Cacá, parentes e demais amigos aqui presentes para render esta homenagem justa e merecida ao Amado Luiz Cervo.
E, finalmente, neste momento, abdico da minha condição de colega do Amado e como aluno e discípulo envaidecido – ao lado de centenas de outros alunos e discípulos seus – abraço o meu Professor Emérito, com quem aprendi a percorrer os meandros entre o teórico e o empírico e a compreender os limites entre a história e a ficção.
Muito obrigado.
Brasília, 20 de outubro de 2005.
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